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II – DESAFIOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: O USO DO COMPUTADOR COMO FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM
Nesta seção teceremos considerações acerca do uso do computador como ferramenta de aprendizagem para a EJA, tomando como base de análise duas oficinas pedagógicas ministradas por mim no CIEJA-CL. Por este motivo, realizaremos primeiro um breve histórico a respeito do CIEJA-CL, para, num segundo momento, descrever o trabalho realizado nas duas oficinas.
II.1 O CIEJA-CL
Ao debruçarmos nosso olhar sobre o CIEJA, estamos pensando numa escola conectada com a vida, na qual, o professor, preparado e com formação compatível para o exercício da docência, respeite os conhecimentos prévios dos alunos. Isto requer do professor sensibilidade para perceber a totalidade, pois tudo tem significado: saúde, esporte, trabalho, lazer, religiosidade. Trata-se de um público com especificidades distintas que devem ser respeitadas. OCURRÍCULO
, por sua vez, deve ter características próprias e não, simplesmente, fragmentar o conteúdo do curso regular; ser abrangente incorporar atividades relacionadas à arte, à cultura, utilizando linguagens alternativas, como a música, o cordel e o teatro, e proporcionando o acesso aos diversos meios de comunicação sociais.

Que a educação seja o processo através do qual o indivíduo
toma a história em suas próprias mãos, a fim de mudar o rumo da mesma.
Como? Acreditando no educando, na sua capacidade de aprender, descobrir, criar soluções, desafiar, enfrentar, propor, escolher e assumir as conseqüências de sua escolha.
Mas isso não será possível se continuarmos bitolando os alfabetizandos
com desenhos pré-formulados para colorir, com textos criados por outros
para copiarem, com caminhos pontilhados para seguir, com histórias que alienam, com métodos que não levam em conta a lógica de quem aprende. (FUCK, 1994, p. 14 – 15)
Os CIEJAS foram criados através do Decreto nº 43.052, de 4 de abril de 2003, na gestão da ex-prefeita da cidade de São Paulo Marta Suplicy. Apontava-se a necessidade de ampliar-se o acesso ao ensino fundamental dos jovens e adultos que não tiveram oportunidade de cursá-lo e concluí-lo na idade própria, assim como de implantar-se programas de educação especialmente dirigidos a esses educandos, com ênfase na preparação para o mundo da cultura e na orientação para o mundo do trabalho, em conformidade com as diretrizes da política educacional adotada pela Secretaria Municipal de Educação, consubstanciadas na democratização do acesso e da permanência, democratização da gestão e qualidade social da educação.
Os Centros Integrados de Educação de Jovens e Adultos possuem como finalidade promover cursos de ensino fundamental, articulados com a educação profissional de nível básico, atendidos os interesses da comunidade e as peculiaridades locais, acolhendo a todos que procuram a educação de jovens e adultos, pessoas com necessidades especiais, trabalhadores, pessoas que estão em liberdade assistida, entre outras.
São 14 os CIEJAS em funcionamento, sendo que o presente trabalho, como já referenciado, foi realizado no CIEJA Campo Limpo. O CIEJA Campo Limpo, conforme mostramos na Foto 1, situado na Rua Cabo Estácio da Conceição, 176, no Bairro Parque Maria Helena, Capão Redondo, pertence à subprefeitura de educação do Campo Limpo, Região Sul da cidade de São Paulo, que é considerada uma região com altos índices de violência, entre os bairros do Jardim São Luiz, Capão Redondo, Jardim Angela, Parque Santo Antonio, entre outros.

FOTO 1 - CIEJA-CL
A maioria dos alunos e funcionários são moradores das regiões ou adjacências. O CIEJA-CL tem como diretora a Sra. Eda Luiz [2] e atende jovens e adultos, com uma demanda de mais ou menos 1300 educandos das subprefeituras de M’Boi Mirim e Campo Limpo, dos quais 14% apresentam pelo menos uma deficiência (física, mental, auditiva, visual, etc). É um centro de educação de ensino fundamental I e II, modular, em que os módulos I, ll, lll e lV correspondem à alfabetização, pós-alfabetização, intermediário e final, respectivamente.
A instituição tem como filosofia uma Escola Democrática, em que os educandos tomam partido nas decisões de funcionamento, processo de ensino-aprendizagem, bem como o que estudar, cuja principal fundamentação teórica é Paulo Freire, ou seja, o trabalho desenvolvido é baseado no respeito, na solidariedade, na sustentabilidade, criticidade e muito diálogo, centrando o planejamento no sujeito. As decisões são tomadas em assembléias envolvendo alunos, funcionários e participantes, conforme podemos conferir na Foto 2.